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JORNADA DE TRABALHO

Artigo – Desafios na gestão da jornada de trabalho e respeito aos direitos trabalhistas no campo

O setor agrícola, vital para a sustentabilidade econômica e no fornecimento de alimentos, enfrenta uma série de desafios quando se trata da observância aos Direitos Trabalhistas, especialmente à gestão da jornada de trabalho dos trabalhadores rurais. Este artigo explora as complexidades associadas a essas questões específicas e alguns dos obstáculos enfrentados diariamente pelos empregadores rurais para se manterem em dia com as obrigações trabalhistas.

Natureza sazonal das atividades agrícolas

No cotidiano do campo, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos empregadores diz respeito à natureza sazonal e variável das atividades agrícolas. O plantio, cultivo e colheita frequentemente demandam jornadas de trabalho intensivas durante períodos específicos do ano, levando a uma gestão complexa da jornada de trabalho. Os empregadores se veem desafiados a equilibrar a necessidade de atender às demandas sazonais com o respeito aos limites de horas estabelecidos pela norma trabalhista. A urgência em cumprir prazos críticos, muitas vezes influenciados por fatores climáticos imprevisíveis, coloca os empregadores rurais em uma verdadeira “corrida contra o tempo”, que pode resultar em jornadas de trabalho estendidas para garantir a eficiência operacional. 

Sobrecarga de trabalho, escassez de mão de obra e conflito com o trabalho urbano

A persistente escassez de mão de obra no setor agrícola também leva à sobrecarga de trabalho para os empregadores rurais. A falta de trabalhadores disponíveis para realizar as tarefas cotidianas do campo pode resultar em uma carga adicional sobre os empregadores, que se veem desempenhando várias funções para manter as atividades. Isso contribui para jornadas de trabalho mais longas e, muitas vezes, na prática de atividades em desconformidade com a legislação trabalhista, resultando em ações judiciais movidas pelos próprios empregados. A situação é agravada pela deficiência legislativa no cenário rural em matéria trabalhista.

Ocorre que a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), inicialmente voltada ao trabalhador urbano, pode entrar em conflito com as realidades do trabalho rural. A flexibilidade necessária para atender às demandas agrícolas muitas vezes não é compatível com a legislação trabalhista atual, criando um desafio adicional para os empregadores rurais e até mesmo para os legisladores. 

Conclusão

Os empregadores rurais enfrentam uma série de desafios na gestão da jornada de trabalho e no respeito aos direitos trabalhistas no setor agrícola. A sazonalidade das atividades, urgência no preparo, cultivo e colheita, escassez de mão de obra e falta de comunicação entre o poder legislativo e o campo destacam-se como obstáculos significativos.

A superação dessas dificuldades ocasionalmente requer uma abordagem alternativa e planejada. A CLT já possibilita a flexibilização da jornada através da implementação de escalas de trabalho rotativas, contratação temporária e a formalização de acordos ou convenções coletivas prolongando a jornada regular de trabalho, sempre considerando as especificidades do trabalho rural. Contudo, é crucial que haja uma orientação jurídica preventiva, a fim de identificar pontos sensíveis da atividade e prevenir eventuais conflitos. 

Fato é que a legislação trabalhista é omissa em muitos aspectos quando se trata da atividade rural, cabendo ao empregador se adequar às suas normas, sendo ideal que o faça desde a fase inicial de contratação, trazendo segurança jurídica para ambas as partes. Quanto à omissão legislativa, uma abordagem mais específica e flexível poderia aliviar a tensão entre a urgência em atender às demandas sazonais e os limites estabelecidos pela norma trabalhista, proporcionando assim uma solução mais equilibrada para os empregadores rurais e promovendo a sustentabilidade tanto econômica quanto laboral no campo.

Assim, a busca por soluções que harmonizem as demandas operacionais com a legislação trabalhista não apenas traça o curso para um campo produtivo, mas semeia as raízes de uma sociedade que honra e valoriza o trabalho, nutrindo, desta forma, um desenvolvimento verdadeiramente duradouro.

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Leia este artigo também no site Agrolei.

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